quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

FIBRA PARAOLÍMPICA


Só no Brasil, de acordo com dados do IBGE, há mais de 25 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. Leve-se em conta a aproximação e o interesse do chamado grupo de afinidade - pais, amigos, poetas, seresteiros, namorados - por essa nação que vive dentro da nação brasileira, e teremos um universo de nada menos de 100 milhões de cidadãos de todas as idades, raças e classes sociais.

É como se fosse a densidade demográfica de três países como a Argentina; vinte iguais a Atenas, capital da Grécia, país dos Jogos Paraolímpicos de 2004.

A China - da Paraolimpíada de Pequim/2008 - com seus quase dois bilhões de habitantes, teria mais de 180 milhões de deficientes, a população total de um Brasil inteiro.

Pelo mundo afora há um universo incalculável de uma sociedade que supera obstáculos com dignidade, determinação, capacidade e fibra inquebrantáveis que vencem as barreiras de um mundo que não tem as mesmas oportunidades, nem a mesma capacidade de alcançar e até ultrapassar todos os limites de suas próprias limitações.

A vida anda devagar quando passa por um paralisado cerebral; o mundo não pára, ao cruzar por uma cadeira de rodas; a sociedade não vê, não escuta, não fala aquilo que o cego percebe; tudo que o surdo escuta; nem o que o mudo pode gritar.

O mundo é inerte, quase cego, surdo e mudo diante daquilo que desconhece. O mundo não está preparado para amar aquilo que não conhece.

Há, no entanto, movimento, visão, capacidade de percepção e um grito parado no ar, quando se consegue um ponto de referência para a identificação e aproximação de quem tem alma, coração e dá vida à própria vida.

Dentre todos os referenciais de igualdade entre os homens - tanto no mundo convencional como no universo paraolímpico - o esporte é o mais ágil e mais saudável fator de inserção social.

No esporte, todos falam a mesma língua. Todos sabem de tudo que se trata. No esporte, a vitória só tem valor em razão do mérito daquele que só perdeu porque passou para o vencedor a energia do seu espírito de participação e o poder mágico de sua própria fibra.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

GUIZOS VENCEDORES

O Brasil foi buscar nos Jogos da China 2008 o bicampeonato mundial de futebol de cegos - uma modalidade que se pratica com bola recheada de guizos. Mike Ronchi - um dos maiores photographers do esporte internacional - capturou a conquista dos aguçados ouvidos brasileiros que abre este espaço criado para mostrar que há ao nosso lado, bem à nossa frente, um mundo paraolímpico de capacidade, empenho, determinação e vitória.